Às vezes eu me pergunto por que continuo escrevendo textos longos enquanto o resto do mundo parece se comunicar em cortes de três segundos. A resposta não tem nada de extraordinária: eu escrevo porque, quando tudo acelera, meu pensamento desacelera por conta própria. É quase como se meu cérebro buscasse um espaço onde a pressa não manda, onde eu posso organizar ideias sem competir com o tempo.
Sempre que abro o Instagram, Tik Tok (e pasmem, até o LinkedIn), sinto que estou entrando em uma avenida movimentada, cheia de gente tentando atravessar ao mesmo tempo. Há criatividade, claro, mas também uma urgência estranha, uma impressão de que, se você não falar agora, perdeu a vez. Só que existe uma diferença importante: nem tudo que é dito rapidamente cria vínculo. Às vezes, justamente por ser rápido demais, evapora antes de fazer algum sentido.
Escrever, para mim, é o oposto disso. É onde eu recupero profundidade num cenário que insiste em operar por impulso. É onde eu penso devagar, mesmo sabendo que o mundo inteiro corre na direção contrária. E não é uma decisão romântica: é funcional. Slow Content não é um manifesto sobre ritmo; é um jeito concreto de construir confiança. Porque alguém que lê um texto inteiro me oferece atenção, e atenção é uma forma muito clara de vínculo.
Também percebi que o texto revela quem está realmente do outro lado. Quem chega até o fim de um parágrafo, de uma história, de uma reflexão, não está atrás de volume, mas de sentido. É quase um filtro natural: afasta quem só passa os olhos e aproxima quem entende profundidade mesmo quando isso exige um pouco mais de tempo.
Talvez seja por isso que continuo escrevendo. Não para resistir ao vídeo curto, mas para lembrar que existe outro jeito de se comunicar, um jeito que respira e que permite nuance. Um jeito que não transforma criadores em máquinas de publicação contínua. Um jeito que faz com que a pessoa que me lê se sinta acompanhada, não pressionada.
Sinceramente? Eu ainda acredito que algumas ideias só florescem quando encontram espaço. O texto é esse espaço: uma pausa possível no meio do que parece um monte de gente GRITANDO ao mesmo tempo, um lugar onde consigo existir com mais nitidez e onde quem me acompanha consegue me encontrar sem absolutamente NENHUMA pressa.
Se você chegou até aqui, talvez sinta o mesmo. E é exatamente por isso que eu continuo.
Atenciosamente, Lari.