O prazer de um café sem pressa

Existem momentos do dia que passam despercebidos, mas que, quando bem vividos, transformam a rotina. Para mim, um desses momentos é o café.

Não o café tomado às pressas no meio do trabalho, entre um e-mail e outro, como se fosse apenas um combustível para continuar. Mas o café sem pressa. Aquele que existe por si só, que pede um instante de pausa, que se torna um pequeno ritual dentro do caos do dia a dia.

Mais do que um hábito, um momento meu

Desde pequena, o café sempre esteve presente na minha vida. Lembro do aroma tomando conta da cozinha, da xícara fumegante sobre a mesa, do pão quentinho ou do bolo que o acompanhava. Era um momento de família.

Seja com meus pais, seja com minha avó, o café da manhã e o café da tarde tinham o mesmo significado: começo e pausa. O início do dia e o instante em que a rotina desacelerava, nem que fosse por poucos minutos.

Talvez por isso, até hoje, eu tenha preservado esse hábito. Café, para mim, é tradição.

O café como ritual de organização mental

Hoje, meu café da manhã é meu momento.

Tenho uma xícara preferida. Um local favorito em casa. Acordo mais cedo para não precisar apressar esse instante, para poder aproveitar o sabor e a sensação de pausa antes que a rotina comece de verdade.

Porque é ali que organizo meus pensamentos. Onde respiro antes do dia ganhar velocidade. Onde posso, por alguns minutos, simplesmente estar. E durante o dia, quando preciso de um respiro, faço questão de definir pausas para um café sem pressa.

No trabalho, o café tem outro significado

Percebi que a forma como tomamos café muda dependendo do contexto.

No trabalho, o café não é pausa, é combustível. É energia, disposição, a tentativa de se manter acordada depois de uma reunião longa. Não tem xícara favorita, não tem silêncio, não tem espaço para contemplação.

E tudo bem. Mas acho curioso como um mesmo elemento pode ter significados tão diferentes dependendo de como e onde o vivemos.

A vida acontece nesses pequenos momentos

Talvez a gente precise aprender a romantizar mais os detalhes.

Os pequenos gestos. Os instantes do dia que podem ser só rotina – ou podem ser respiro. Um café sem pressa pode parecer algo banal, mas ele carrega algo que estamos sempre tentando alcançar: tempo.

Tempo para sentir. Para organizar a mente. Para lembrar de uma memória boa. Para se preparar para o que vem a seguir. E se existe um presente que podemos nos dar todos os dias, talvez seja esse: um momento só nosso, ainda que breve.

Atenciosamente, Lari.

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